Cultura 27/05/2019

Alvalade Capital da Leitura lembrou Aquilino Ribeiro

Durante dez dias, Alvalade voltou a transformar-se na Capital da Leitura. Aquilino Ribeiro foi a figura em destaque nesta iniciativa, a qual mobilizou numerosos parceiros da área cultural.

A inauguração de um mural alusivo à obra “Romance da Raposa”, uma exposição das ilustrações de Benjamin Rabier para essa mesma obra, uma Mostra de Produtos das Terras do Demo e uma tertúlia com Carlos Vaz Marques e Pedro Mexia foram apenas algumas das atividades que tiveram lugar, entre os dias 16 e 25 de maio.

Outro dos pontos altos desta que foi a terceira edição de Alvalade Capital da Leitura foi o descerramento de uma lápide de homenagem a Aquilino Ribeiro, no prédio onde o escritor viveu, na Rua António Ferreira.

Este momento contou com a presença da vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa, Catarina Vaz Pinto, do presidente da Câmara Municipal de Sernancelhe, Carlos Santiago, do vice-presidente da Câmara Municipal de Moimenta da Beira, Francisco Cardia, e da vice-presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Paiva, Delfina Gomes. Entre a assistência encontravam-se também familiares de Aquilino Ribeiro e moradores da zona, como o escritor Eduardo Pitta e o antropólogo Miguel Vale de Almeida.

Na ocasião, o presidente da Junta de Freguesia de Alvalade, José António Borges, sublinhou a importância deste ato de “fixação no espaço público da memória de quem nos ajudou a construir ideários coletivos e, como o próprio diria, a construir a nossa geografia sentimental”.

“Aquilino Ribeiro é um dos mais ilustres nomes das letras portuguesas e em português e, tendo vivido em Alvalade, poder honrá-lo hoje aqui é de facto um momento muito importante e singular do evento”, prosseguiu José António Borges.

Já a vereadora da Cultura da Câmara de Lisboa deu conta do “enorme gosto” que tinha em participar nesta iniciativa, acrescentando que “é aqui que se vê a cidade, a vida da cidade”. “São estes momentos que fazem a pequena história das pequenas e das grandes cidades”, afirmou Catarina Vaz Pinto, para quem “é destas homenagens que falamos quando estamos a falar de cultura”.

A vereadora aproveitou para saudar a Junta de Freguesia de Alvalade pela realização de Alvalade Capital da Leitura. “É muito importante que as freguesias se associem a todo este investimento na cultura, no desenvolvimento cultural dos nossos munícipes”, declarou a esse propósito.

Em nome da família de Aquilino Ribeiro, usou da palavra o seu neto, Aquilino Machado. Aos presentes, contou que foi no número 7 da Rua António Ferreira que Aquilino ribeiro viveu o período final da sua vida, ao que tudo indica entre 1952 e 1963.

“Foi um período muito intenso do ponto de vista do seu magistério literário. Aqui trabalhou obras como ‘A Casa Grande de Romarigães’, ‘Quando os lobos uivam’, ‘Um escritor confessa-se’ e ‘O livro de Marianinha’, notou Aquilino Machado. Além disso, recordou, a casa do seu avô foi palco de “uma intensidade de tertúlias literárias e culturais, de resistência ao Estado Novo”.

Para a família, o descerramento desta lápide constitui pois “uma justa homenagem a alguém que se bateu pelos valores da democracia, pelos valores elevados da literatura”.

Esta edição de Alvalade Capital da Leitura ficou também marcada pela inauguração de um mural, da autoria da artista Kruella d’Enfer. Este mural, que evoca a obra “Romance da Raposa”, pode ser visto na Travessa Henrique Cardoso, junto ao número 39, e tem sido muito elogiado por todos os que por ele passam.

A Biblioteca Manoel Chaves Caminha e a Biblioteca Nacional de Portugal – na qual teve lugar um colóquio em torno de Aquilino Ribeiro e o lançamento de uma reedição comemorativa do centenário da obra “Terras do Demo” – foram também palco de atividades.

Por sua vez, o Museu Bordalo Pinheiro acolheu uma exposição das ilustrações desenvolvidas por Benjamin Rabier para o “Romance da Raposa”, a qual pode ser visitada até ao dia 17 de julho.

Na inauguração daquela exposição, a Associação 3Actos proporcionou uma atuação singular, em que literatura, música e desenho se conjugaram de forma harmoniosa.

Já no Mercado de Alvalade realizou-se uma Mostra de Produtos das Terras do Demo, com a participação dos municípios de Sernancelhe, Moimenta da Beira e Vila Nova de Paiva. Neste mercado foi possível ficar a conhecer alguns dos melhores produtos gastronómicos, e não só, daquela zona do país.